E o que tens para dar?
Para além desse sorriso que trazes no bolso
O que tens? Que queres fazer?
O que se passa contigo?
Onde escondes as asas moles que carregas?
Foi onde perdeste a alma,
Nessa rua percorrida de calçada gasta.
Nesse pensamento, lacuna de sentido.
Nesse eu. Que sou, que és ...
O Eu cansado, adulterado,
O Eu que vive e respira descompassado,
Sem saber o que é, o que sente , o que foi...
Sem ter conhecimento do que aguarda,
Se pelo que virá, se pelo que já não vem.
E o que foi não torna a ser.
Quando no caminho percorrido se perdem os passos.
Quando na vida aleivosa escorre o que traças,
Em riscos calcados,
Sulcos da marca que deixaste.
Aguardas o retorno. Aguardas que retorne.
Mas o que foi não torna a ser.
O que foste não serás de novo.
Perdes a razão. Perdes-te na razão.