Despertar
autor desconhecido
Nas ruas sem nome
Demoro o olhar
Ao longe avisto um rosto
Sem expressão, a mirar
Admira esgazeado
A neblina que se levanta
É mais um despertado
Para a realidade da esperança
Controlo como ele a respiração
Tento também eu admirar a situação
Perco-me no entanto nas esquinas
São muitas, sem nome
E eu não tenho direcção
Queria ser como ele
Queria acordar
Mas impele-me o intuito
De continuar a caminhar
Caminho então
Arrastada na neblina
Essa que vi formar
E não me preocupou de onde vinha
Cumpus uma postura
Cresci em letargia
Os passos seguem-se
Mas não sou eu quem caminha
De novo avisto o mesmo rosto
Mas há agora um brilho no olhar
Sinto que me fita
E é um olhar familiar
Tento aproximar-me
Mas pede-me que não o faça
Consternada, não entendo
Ele está lá, mas de uma ilusão não passa
Não é um despertado
Não é um conhecido
É outro impelido
Como eu, na neblina do destino