Outonal
Brian Froud
Faz-se memória esse olhar cárneo,
Profundo, em luz outonal de fim de tarde.
Corpo e alma chegam pela mesma estrada despertos pela viagem.
As folhas vão caindo no jardim,
Gotas que se desprendem do círculo do tempo,
No silêncio germinal, vagueiam pelo chão. Folhas de outras folhas...
Renova-se a vida na morte intemporal.
Assim se renova o teu olhar de outros tempos feito.
Sempre a procura da perfeição nos afeiçoou os gestos,
A harmonia dos sentidos se fez de encantamento.
O teu olhar, folha que se desprende no chão do meu corpo,
Húmus se vai tornar.
Renovada promessa, outra folha nasce
Em teu olhar e no meu corpo, outro Outono se vai para ficar.