Áurea
Autor Desconhecido
Declino o olhar sobre os declives do mundo
Os declives da minh'alma estão cada vez mais íngremes.
Sorriem-me anjos trocistas na minha mente
Quis acompanhá-los mas negaram-me as asas
Quis ser alguém, quando acabei por me tornar ausente.
Eleva-se no céu um sinal de renovação
O luar taciturno cede lugar ao Sol
E os raios de luz iluminam-me o ser
Já não quero cair por este precipício
Quero esquecer...
Sigo com o olhar os trajectos iluminados
São vielas, becos, caminhos estagnados
Procuro um lugar calmo para repousar,
Cerco-me de ócio pois já não sei voar.
Existencialismo? Questiono apenas o que me rodeia.
Sou só o cume de dor no qual a vida ondeia
Não conhecerei mais que a sombra do que já fui,
Sou sátira incompleta, sou a espécie que não evolui.
Súbita tristeza, monotonia, angústia,
As três irmãs da minha alma
Os três vértices do meu ser
Atordoam, magoam , fazem ceder.
São a parecença da dor como coisa real por fora,
Paradoxo de alegria como efemeridade por dentro.