Pensamentos Inócuos
Autor Desconhecido
As cores da noite difundem-se na profundidade do rio. Luzes distantes que um dia alguém viu, são hoje um choro magoado de um passado apagado, na memória de um velho, um velho mar. Passam os anos , décadas sobre o mesmo, talvez velho, sempre novo , talvez morto do cansaço de correr, contra o murmúrio desesperado das multidões . Das pessoas que nas margens choram desilusões. Contentamentos descontentes, alegrias amarguradas, nunca nada é certo, nunca nada é verdadeiramente importante. Tudo se acaba por desvanecer passado o histerismo do momento. Nada preenche. Tudo é vazio. Nada aquece , e esta alma perpetua no frio, tal como outras, mais que muitas. Mais do que se possa imaginar. Concepções de falsas alegrias, criações raras de tristes almas vazias... São tantas! E eu perco-me no meio delas , pela igualdade pela diferença, pela indiferença de não as querer ver como eu, de não as querer sentir. Fustigo no entanto uma muralha que se erguia à minha volta. Fustiguei-a de falsos sorrisos, efémeros risos, tristes esperanças de voltar a sonhar. Não se moveu, abriu-se no entanto uma unica brecha de luz, que pálida, castiça pe netrou nas margens soturnas do rio. O velho mendigo.