Inércia
Autor Desconhecido
O frio gélido percorre a espinha
Um dia calmo, seco de vida
Áridos sentidos, dormentes, esquecidos
Rara paz, raro momento, rara vida
Juntam-se fragmentos de riso
A pedaços de dor
Junta-se um desejo, um esguicho
Dessa utópica fonte de calor
Com longos dedos o tempo desenha
Minutos de horas, uma alma semeia
Em si, no seu mundo, breve centelha
Término a este frio que receia
Olhos cegos, leitosos, mortos
Fixam um horizonte distante
Tão longe do seu alcance
Como da imagem projectada de seus corpos
Murmúrios de uma cidade
Rodeada de vida
Suspiros largados
Uma dor sentida
Acabam, morrem, jazem
Até outro amanhecer
Esperam um outro dia
Outro breve perecer
Nota de música divina
Por estes calejados dedos esquecida.