No Fim
Acabou
Chegou o dia e a alma está impaciente
A lâmina aperta na carne quente
O sangue brilha no reflexo frio
Jorra depois contínuo, um rio
Terminou
Chegou a calma e o silencio, por fim
Abate-se a terra sobre a madeira
Acaba-se a malvadez e a zombeteira
É finda
Finda a dor que consumia e drenava
Finda a loucura que atormentava
Hoje há só memória, e lágrima
Hoje há só lamúria e mágoa
Hoje todos parámos um momento
Hoje todos te temos em pensamento
Pensámos em ti
Como é raro
Como o fizémos tão pouco
Como nunca lá estivémos
Como tão pouco te valemos
Mas hoje estamos aqui
E quem foste tu?
Não sabemos
Uns choram , outros gritam,
Uns apertam a verdade nula
Outros afagam uma fé ausente
Mas choramos por ti
Quem nunca conhecemos,
Tu que sofreste a sós
Tu que terminaste sem dó
Tu que escolheste o teu destino
Mas choramos histéricamente
Um tu que nunca realmente conhecemos.
Ou rolam as nossas espessas lágrimas
Por pena de nós mesmos?