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Nome: Dementia

Idade: Uma alma velha para o Sol

Aprecio: Musica Literatura Escrita Lua Mar Excentricidade Senilidade Embriaguez

Dispenso: Emaranhados de Pessoas Sufocantes Cinismo Hipocrisia e Afins Estereotipos Tudo o que seja propositado para me enervar

Sou:Louca Histérica Calma Paciente Paradoxo de mim mesma nos enleios caóticos de mim Teimosa Destrutiva Sonhadora Alucinada Desagregada do presente

Devaneios

Às vezes

sinto que estou a perder o chão
as memorias acumulam-se na minha cabeça
esqueço-me de respirar, fecho os olhos
e finjo um sorriso dentro de mim
aqui, onde ninguém me vê
finjo um sorriso
este
é só para ti.

De Volta

Já se passaram quase 3 anos... considerem este espaço reaberto a serviço!
Acalma a dor com a mão que embala a vida.
Sossega, no ventre de uma mãe embevecida
Essa paz, criança de gente nascida
Num largo sorriso de alma despida.

Encosta ao meu ombro a tua cabeça
Cansaço de ser que te afaga a mente
No peso de uma dor que cresce,
Lentamente,
Recolhe as lágrimas numa vã promessa

E no dia percorres os caminhos calcados,
Os minutos contados
Passos apressados ,
Debitados ,
Nessa dança que te envolve, os momentos passados

Acalma a dor com a mão que embala a vida.

Algo que fiz , simplesmente saiu.
E depois de o ler dedico-o a todas as mães em particular à minha que muito amo, e a uma mãe mais novinha a Fideal, que tem sem dúvida demonstrado ser extremosa com o seu pequeno rebento. Os meus beijos e amor a ambas.

É Natal

O tempo tem teimosamente passado nesta minha dormência resignada. Os dias fogem apressadamente como se tivessem um fabuloso destino a concretizar. Não é assim.
Eu recolho-me dia após dia, tentando dar uma resposta útil a tudo o que faço. Confronto os pensamentos intermitentes que deambulam nos poucos minutos livres que restam nos meus dias. Um após o outro. Seguem-se , passiva e indiferentemente.
Por mais que queira e por maior que seja o amor que me preencha , a minha vida incapacita-me de pensar uma vez que a minha disponibilidade se não é nula , roça esse limiar.
Recordo nostálgica aquilo que foi o ópio da minha boémia , os cafés, as noites, os risos.
Os risos.
Custa-me rir.
Sei que tenho alguém quem me ama , e eu também o amo. Mas sorrir, extenua-me, fatiga-me.
Parece que tudo está automatizado. Criado e não usufruido e que os dias passam, secos, pela frenética monotonia do trabalho. Entristeço-me e não só por isto. Gostava de poder fazer coisas que fazia antigamente. Falar com os rostos familiares com a mesma intimidade de outrora. Mas tudo mudou.
Eu reconheço-me, mas os outros deixaram de me conhecer.Fazem juízos apressados e diagnósticos errados da minha psique. Juízes alucinados que me condenam a uma existência , aos seus olhos, de leviandade e lascividade, imaturidade e ausência de valores. Reconheço os meus erros. Enumero-os na minha cabeça. São a minha cruz de fantasmagóricas feições que me assombra num misto de vergonha e raiva, não só pela minha epifania passada, mas pela reacção de terceiros à mesma.

E hoje é véspera de natal.

Passadas 9 horas num call center rendo-me à saída mecânica mais uma vez marcada pontualmente pelo girar de caracteres num ecrã digital. Ainda me navega no estômago a minha não menos ridicula ceia de natal, composta por um dito "cachorro" (entenda-se metade de uma salsicha num papo-seco de ontem, com ares de ter sido tostado, consumido na única tasca aberta em todo o Saldanha!). Saio do edifício.
A lembrança de tantos anos, pormenores de natais anteriores, desfila na minha cabeça como uma música há muito esquecida. O calor invade-me como se realmente a chuva que cai não me atingisse, e eu não distingo já as lágrimas das finas gotas que perspassam as luzes da cidade à noite.
Sinto falta do abraço da minha mãe , sinto falta de um outro abraço que raras vezes tive e que por quizílias de velhos ( aquelas que passado o tempo já nem nos recorda o motivo pelo qual a discussão se iniciou) tão cedo não se irá repetir. Sinto falta de não me sentir assim tão sozinha.
Desdenho as luzes arcaicas de penduricalhos nas ruas, desdenho as prendas materialistas que por obrigação e não por gosto se trocam. Desdenho tudo o que esta quadra traz. Mas sinto tanta falta de estar com os meus. Sinto uma saudade intensa que me atravessa o peito e se aloja no estômago como que um soluço que me recuso a deixar sair. Podia ser tudo tão diferente. Com todos. Podia ser tudo melhor . Mais que tudo, e com certeza sabeis quem sois, tenho pena de vós.

É Natal...

Nihil



Se o tempo que te dedicas
Se a vida que te ensinas
Se tudo inerte
Se tudo constante
Se tudo te morre
A cada instante
E em nada te sentes
Em nada de vales
Nada te preeenche
Nada sintas!
Nada penses!!



Dedicado à minha nihilista favorita.

Quando a vida passa



Quando a vida passa lenta
Nessa esquina banal, onde te encostas
Recostas o corpo cansado
A mágoa da vida
O sentimento perdido
Está nessa esquina
Cruzamentos de ti com algo maior
Maior do que és
Maior do que aquilo que pensas ser
Tens-te sem saberes,
Num mundo à parte
Num segundo de dor sem alento
E nessa esquina, onde estás
Sem estar, olhar distante
Mudo, triste
Está o trailler daquilo que foste
A correr à velocidade da luz
Não o agarras, não consegues
Por mais que tentes
E ninguém o agarra por ti
Estás só
Nessa esquina onde te encostas
Onde te recostas
Por mais uma noite.


Algo concebido numa noite de café, naqueles momentos em que os sorrisos não nos iluminam por dentro, em que o cheiro do tabaco enjoa e as conversas como laminas nos perfuram o caixote da cabeça. O oxigénio entra e a mente respira inspiração no que vai lá fora.

Aos perdidos, como eu , como eu fui um dia.

Na hora do sono



Acresce ao silencio um murmúrio de som
Debita-me na alma um punhado de dor
Arrasta-se na mente a pesada consciencia
Acorda dormente a memória adormecida
Nada fica, nada soa, nada muda

Movem-se as sombras dos companheiros ilusórios
O medo aproxima-se e sorri confiante
A solidão abraça e é de gelo o seu toque
A tristeza avança e derruba os espelhos de dor
Cacos agora cravados na minha pele

São apenas quem me acompanha
São o ombro em que choro
São tudo o que resta
Nada mais, nada tenho, nada sou

E persigo ainda na minha mente
Os riscos calcados das veias da vida
Essas que antes latejavam com força
Que albergavam uma pujança destemida
Agora moles e caídas, veias de vazio
Veias de nada cheias, de vazio tingidas